pt I en
Crepúsculo
2013
GESTO. RITMO
O trabalho em lixa pressupõe um esforço fisico e um envolvimento mais concreto do que a pintura tradicional. Há, no acto em si, uma dimensão escultórica, apenas pressentida pelo espectador, já que dela pouco ou nada transparece no resultado final. Um pouco à maneira de um músico que, para produzir um som, precisa de envolver todo o corpo, num acto físico, por vezes extremo com o instrumento. Mas, esse som, quando emitido, não guardará qualquer vestígio do esforço criador.
LUZ
Em Un jour si blanc, primeiro projecto em que Inês A utiliza a lixa como suporte, era a todo o processo que assistíamos através de vários meios (lixa, pintura e video): a exploração de camadas sucessivas, por vezes acrescentadas, por outras reveladas no material. Destacava-se a luminosidade do resultado. Mas, luz a mais encadeia; torna-se incómoda e afasta. daí parte-se para o outro lado, o das trevas, único e impartilhável, que, por sua vez, dará de novo lugar à luz. Esse é o Crepúsculo.
AUSÊNCIA. SOLIDÃO
Qualquer actividade criativa é solitária. Partilha-se ou mostra-se o resultado, por mais ou menos preparado que tenha sido anteriormente, mas do processo nada se vê. Esse é único e intrinsecamente pessoal, tanto como também o é o olhar do espectador. Em Crepúsculo pressentimos uma ausência, um vazio inexplicável.
ESPAÇO. TEMPO
Mais do que uma imagem, é o ritmo quase sonoro que acaba por nos envolver. Para tal, é preciso dar-se ao tempo de observar. Os fragmentos abstractos revelados nas lixas emanam uma liberdade enorme. O espaço que originam; o universo que, à sua escala, constroem; a luz que neles se vislumbra, poderão preencher a ausência. É só preciso tempo.
Francisco Sassetti
2013
GESTO. RITMO
O trabalho em lixa pressupõe um esforço fisico e um envolvimento mais concreto do que a pintura tradicional. Há, no acto em si, uma dimensão escultórica, apenas pressentida pelo espectador, já que dela pouco ou nada transparece no resultado final. Um pouco à maneira de um músico que, para produzir um som, precisa de envolver todo o corpo, num acto físico, por vezes extremo com o instrumento. Mas, esse som, quando emitido, não guardará qualquer vestígio do esforço criador.
LUZ
Em Un jour si blanc, primeiro projecto em que Inês A utiliza a lixa como suporte, era a todo o processo que assistíamos através de vários meios (lixa, pintura e video): a exploração de camadas sucessivas, por vezes acrescentadas, por outras reveladas no material. Destacava-se a luminosidade do resultado. Mas, luz a mais encadeia; torna-se incómoda e afasta. daí parte-se para o outro lado, o das trevas, único e impartilhável, que, por sua vez, dará de novo lugar à luz. Esse é o Crepúsculo.
AUSÊNCIA. SOLIDÃO
Qualquer actividade criativa é solitária. Partilha-se ou mostra-se o resultado, por mais ou menos preparado que tenha sido anteriormente, mas do processo nada se vê. Esse é único e intrinsecamente pessoal, tanto como também o é o olhar do espectador. Em Crepúsculo pressentimos uma ausência, um vazio inexplicável.
ESPAÇO. TEMPO
Mais do que uma imagem, é o ritmo quase sonoro que acaba por nos envolver. Para tal, é preciso dar-se ao tempo de observar. Os fragmentos abstractos revelados nas lixas emanam uma liberdade enorme. O espaço que originam; o universo que, à sua escala, constroem; a luz que neles se vislumbra, poderão preencher a ausência. É só preciso tempo.
Francisco Sassetti